Sunday, January 23, 2011

Pensamentos

Isto de pensar na vida não dá para mim. Não dá, pronto. Fico lamechas e inquieta o resto do dia, revolvo o tema "futuro" mil e uma vezes na minha cabeça desassossegada e acabo por ficar uns dois ou três dias sem conseguir esquecer isto.
Não sei se é dos meus recentes 21 anos, se de já não faltar assim tanto para terminar o curso, mas tenho perdido muito tempo a rebobinar os mesmos pensamentos, de trás para a frente, como uma cassete de vídeo estragada que encrava na mesma cena e insiste em não sair dali.
Adoro, adoro mesmo viver nesta casa com os meus pais e as minhas irmãs. Sou totalmente virada para a família, e não há nada que me saiba melhor do que passar estes fins de tarde ao Domingo, enroscada no sofá a rir-me com as parvoíces do meu pai e a deliciar-me com o cafuné que a minha mãe, tão pacientemente, me faz durante horas a fio. No entanto, ultimamente tenho pensado freneticamente no tempo e em como será a minha vida daqui a alguns anos; e chegar à conclusão que vai ser igual, exactamente igual, deixa-me ansiosa e envolta numa enorme confusão de sentimentos.
Falta-me um ano e meio para me licenciar. Sei que esse tempo vai passar a voar. Mas depois faltam mais dois anos de estágio e mais dois de mestrado. Falta conseguir entrar na Ordem. Falta conseguir arranjar emprego. Atirando isto tudo para o mesmo prato acabam por fazer-se 7 anos.
Daqui a 7 anos terei 28. E por muito que adore os meus pais e a minha casa, custa-me pensar que dificilmente poderei estar a construir a minha vida... Ninguém me garante que queira, efectivamente, sair de casa com essa idade; mas e se quiser? Onde está o espaço de manobra para as escolhas? Onde está o poder de decisão?
Desde o Verão que isto não sai da minha cabeça, e talvez seja por isso mesmo que tenho vindo a sonhar incessantemente com um apartamento, com uma vida nova, com um emprego... E quanto mais sonho com isso, mais inquieta fico pela incerteza da possibilidade de realizá-lo brevemente. Enfim, parvoíces de uma mente desorganizada...
Por agora resta-me ir controlando aquilo que posso controlar, viver aquilo que posso viver. Vou tentar guardar estas ideias num cantinho bem resguardado do meu cérebro, pelo menos por enquanto. Sobre o futuro penso no futuro.


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