"Sempre fui assim, fechada sobre mim mesma, incapaz de partilhar com os outros as ânsias que tantas vezes me assaltam inesperadamente, ou as preocupações que me roubam o sorriso em dias especialmente maus.
Talvez por querer ser senhora de mim, talvez por não gostar de impingir inquietações desnecessárias aos outros, ainda que saiba que eles estão dispostos a partilhá-las comigo, suportando assim um pouco do peso que me sobrecarrega.
Inconscientemente e contrariando a minha natureza, acabei por permitir que me ajudasses a carregar o desassossego permanente, deixando que o ocultasses por debaixo das tuas palavras encorajadoras e olhares interessados. Autorizei-te a entrar no mundo dos meus pensamentos, revelei-te segredos encobertos e coloquei os meus maiores medos ao alcance do teu olhar.
Proferi junto aos teus ouvidos palavras que nunca antes me atrevera a sonorizar, deixei-te guiar-me pelas ruas que sempre temi atravessar… Foste quem, pela primeira vez, me fez abrir um buraco na muralha que, com o tempo, construí em redor das teias intocadas que sempre foram as minhas apreensões.
E agora que finalmente entraste, onde estás tu?"
A tal coisa de cinco parágrafos ranhosos que estive a escrevinhar ontem.
Enfim, odeio sentir saudades. Quando elas apertam é porque alguém de quem gosto está longe; e o pior é que nem sempre o longe se limita à distâcia física...
Para mim as saudades piores são aquelas que nada têm a ver com a distância física. Sentir que uma pessoa está perto de nós, mas que, por alguma razão, deixou de ser aquela pessoa que antes era é muito mau.
ReplyDeleteEu também não gosto de partilhar inquietações, porque sinto que vou ser menos eu ou assim.... Sou doida, sei lá xDD
Gostei do texto; já sabes que eu sou tua fã mulheri!
beijinhos <3